terça-feira, 28 de setembro de 2010

O "cala boca" da imprensa.

No último sábado, 18/9, a cidade de Campinas foi palco de uma verdadeira festa democrática. Estavam no município Dilma, Lula, Mercadante, Marta Suplicy, Netinho e outros candidatos do PT e dos partidos aliados. Uma multidão esperava ansiosa o início do comício; bandeiras balançavam ao vento, camisetas expressavam o motivo da ida ao local: era por uma sociedade mais justa e igualitária que todos estavam presentes.

Mesmo com algumas horas de atraso, a multidão manteve-se atenta a cada discurso dos presentes no Largo do Rosário, centro de Campinas. Todos abordaram um tema em comum: as conquistas sociais e econômicas do governo Lula, que cada um dos presentes pode sentir em sua vida.

O presidente Lula demonstrou bom humor durante boa parte do evento. Em um desses momentos, disse a seus aliados-candidatos que eles deveriam estar no meio do povo, pois é lá que se consegue o apoio da população. Tratava-se de clara brincadeira, evidenciada por meio da entonação da voz e dos já tão conhecidos trejeitos de Lula. Mas, quando falamos em interesses comerciais, a imprensa parece colocar de escanteio o velho e bom discernimento. Vejam o que disse o jornalista Ricardo Fernandes, no portal Cosmo Online*:

Durante seu discurso, Lula irritou-se com a quantidade de candidatos presentes no palanque. 'Queria saber quem permitiu que tanta gente subisse'. Para o Presidente, 'lugar de candidato é no meio do povo', disse.

São matérias como esta, com claro objetivo de distorcer a realidade, que irritaram de fato o presidente. Ele manifestou seu descontentamento por diversas vezes:

“Se mantenham tranquilos, porque outra vez, Dilma, nós não vamos derrotar apenas os nossos adversários tucanos. Nós vamos derrotar alguns jornais e revistas que se comportam como se fossem partido político e não tem coragem de dizer que são partido político, que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato, que não são democratas e pensam que são”.

Falou também sobre a revista Veja:

"Eu fico vendo algumas revistas que vão sair na semana, sobretudo uma que não sei o nome dela, parece 'óia', nordestino falaria 'ói' . Ela destila ódio e mentira”

Sabemos, o presidente tem inúmero motivos para tanta indignação. Com o pleito cada vez mais próximo, “nunca na história desse país” houve tantas denúncias, tantas ilações sem provas. Mera coincidência? Difícil acreditar. Mas não é esse o fato que pretendemos abordar, e sim a hipocrisia do discurso de liberdade de imprensa dos meios.

Logo após o fim do comício, percebeu-se uma pequena movimentação na lateral esquerda do palco. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, respondia a perguntas de jornalistas sobre a última denúncia da revista Veja, que associou, sem nenhuma prova, um esquema de pagamento de propina na Casa Civil à compra do medicamento Tamiflu. A coletiva, naturalmente, gerou a curiosidade dos militantes, alguns inclusive protestaram. A maioria dos jornalistas presentes demonstrou claro descontento com aquelas manifestações, pacificas e educadas, mas incômodas. Rircardo Galhardo, do portal iG, foi um deles, mandando um sonoro “cala a tua boca!” para uma senhora que dizia “lá vem mais denúncia”, utilizando de seu sagrado direito de expressão.

Por que tanta irritação? A resposta é simples: muitos jornalistas não admitem ser criticados, indo na contramão do discurso hipócrita de liberdade de imprensa (e a liberdade de expressão?) que tanto gostam de declamar. Para isso, basta uma crítica a seu denuncismo sem provas ou a sugestão de qualquer meio de fiscalização para que, do alto de sua arrogância, repitam o mesmo “blá, blá, blá” de sempre. Já o governo, não, necessita de observação contínua, leis cada vez mais duras e fiscalização da sociedade. Por que essa dicotomia? “Dois pesos e duas medidas”? É o corporativismo, que tanto prejudica a autocrítica em várias profissões, arrasando o jornalismo sério e comprometido com a verdade.

Merece destaque, também, outra atitude de Ricardo Galhardo. Irritado com as manifestações dos presentes, o jornalista pressionou a Secretária de Campanha de Dilma: “você tem que controlar seus representantes!”. A pergunta que não quer calar: desde quando simpatizantes de um governo representam um partido ou candidato? Essa fala demonstra bem a tentativa contínua da imprensa em atribuir ao PT (e ao governo) a responsabilidade pelas ações de cada simpatizante ou filiado. E olha que eles são inúmeros! Não possui a menor lógica.

Assim como não possui lógica a cobertura dessas eleições. Na verdade possui, mas é uma lógica oculta, mascarada por uma falsa imparcialidade e pela defesa dos direitos do cidadão. Esse mesmo cidadão que, quando se manifesta contrário a “opinião pública”, é induzido a “calar a boca”. Uma atitude hipócrita, que não permite a discussão real sobre a ética na profissão. A proteção sobre o sigilo da fonte, por exemplo, é altamente questionável. O que nos garante a existência da fonte? Em países como Canadá, esse privilégio tem limites. No Brasil não. Tudo o que foi relatado neste artigo foi vivenciado pelos autores. Não há nenhum “disse que me disse”, provando que vivemos em uma sociedade democrática, mas também em uma “ditadura midiática”. E não há nenhum exagero nessa afirmação. Que Deus nos proteja das falsas verdades.

Thomas Marinho e Julio Rodrigues moram em Indaiatuba (SP) e são publicitários.

*Fonte: http://cosmo.uol.com.br/especiais/eleicoes_2010/noticias.php?caminho=/2010/09

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chile escolhe direita.

O Chile elegeu ontem Sebastián Piñera para a presidência do país. A direita depois de 20 anos voltará a governar este país que sofreu nos anos de ditadura Pinochet.

Com discurso moderado e política econômica praticamente idêntica a de Bachelet, Piñera conquistou a confiança de 52% de eleitores e derrotou o candidato e ex-presidente Eduardo Frei, representante da centro-esquerda.


Sebastián Piñera (divulgação)

Sebastián Piñera tem 60 anos, é um empresário rico, economista formado em Harvard e deve seguir os passos da política econômica de Bachelet, porém o foco de Sebastián Piñera é a criação de empregos e a reforma de processos com o objetivo de diminuir a corrupção do país. A esquerda é tida como ineficiente no âmbito administrativo. Critícas de sempre!

O que me preocupa é acreditar que o país perde muito no campo social com a vitória da Piñera. O novo presidente é um representante da elite chilena e é difícil imaginar que um governo que tenha como mandatário um homem rico possa olhar com afinco para os pobres. Direita é direita em qualquer lugar do mundo e obviamente pode-se esperar um comportamento de direita do novo governo.


Apoiadores de Piñera comemoram vitória. (Foto: Martin Bernetti)

Só seria loucura pensar que Sebastián Piñera lembrará em alguma coisa o ditador Augusto Pinochet. Isso não. Não cabem mais comportamentos ditatoriais no inteligente e moderno Chile. É esperar para saber se essa foi uma escolha acertada. O que posso desejar é boa sorte. O Chile merece!